A avaliação é um processo indispensável para a prevenção e tratamento de feridas.

O profissional de enfermagem está diretamente relacionado a esse protocolo, seja em serviços de atenção primária, secundária ou terciária. Portanto, cabe a ele observar os fatores locais e externos que condicionam o surgimento de uma ferida ou que possam interferir no processo de cicatrização. 

Esse profissional precisa ter uma visão clínica para relacionar pontos importantes que influenciam na cura das lesões, como patologias de base, aspectos nutricionais, infecciosos, medicamentosos e, sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado educativo.

Assim, é possível acompanhar a evolução do tratamento e realizar um planejamento terapêutico adequado.

Neste artigo você vai conhecer as principais formas de prevenir e fazer o tratamento de feridas.

Tratamento de feridas: por onde começar

A pele reveste todo o nosso corpo protegendo contra as agressões externas. Costumo dizer que é uma grande “capa de proteção” contra fungos, bactérias, produtos químicos, físicos e fatores ambientais.

Quando ocorre descontinuidade do tecido epitelial, das mucosas ou de órgãos, ou seja, quando há uma ferida, as funções básicas de proteção da pele são comprometidas. Essa ferida precisa ser observada e tratada.

Porém, o protocolo de avaliação de feridas vai muito além do machucado em si. O profissional que vai indicar o melhor tratamento precisa estar ciente de uma série de fatores que podem auxiliar ou mesmo dificultar a cicatrização.

Nessa avaliação, é preciso considerar a causa e o tempo de existência dessa ferida, presença ou não de infecção, avaliação da dor, presença de edema, extensão e profundidade da ferida e as suas características, da pele perilesional e do exsudato.

E tem mais: nesse protocolo de atendimento, também é necessário fazer um diagnóstico preciso, identificando o período evolutivo cicatricial.

Por fim, mas não menos importante, o tratamento de feridas também envolve o histórico de saúde do paciente. Entender se a pessoa lesionada tem alguma doença crônica que corrobora com a ferida, se ela faz uso de medicamentos controlados, se leva uma vida saudável ou se é sedentária. Tudo isso influencia na forma como a ferida deve ser tratada.

Cicatrização de feridas

Feita a indicação do tratamento, a avaliação precisa ser continuada. Acompanhar a evolução do processo cicatricial, a cobertura da ferida e os produtos utilizados é de fundamental importância.

Mas lembre-se: a cicatrização da pele não é uma fórmula exata. Cada organismo reage de uma forma diferente ao tratamento de feridas.

Depois de uma lesão, o corpo humano tem a habilidade de substituir as células lesionadas e reparar o tecido danificado. A partir daí, existem dois processos de reparação: a regeneração e a cicatrização.

A regeneração é o processo que ocorre em lesões pequenas, com o objetivo de recuperar estruturas perdidas a partir da proliferação de células e tecidos. Já a cicatrização ocorre em lesões maiores, quando o tecido lesionado é substituído por um tecido conjuntivo vascularizado para recuperar o tecido e sua integridade anatômica.

Além da extensão da lesão, o que vai determinar a regeneração ou cicatrização são os tecidos acometidos e o tipo de célula que os constitui.  No entanto, podemos identificar algumas fases comuns nos dois processos que resultam na recuperação tecidual:

– Fase de hemostasia

Corresponde a uma série de eventos coordenados dentro dos vasos sanguíneos para manter o fluxo sanguíneo local. O corpo realiza o tampão hemostático para evitar a perda de fluídos de maneira descontrolada.

– Fase inflamatória

Fase que se inicia no momento da lesão e permanece por cerca de três dias. Assim que o corpo identifica a ferida, começa o trabalho para impedir sua contaminação e cria-se uma base para o processo cicatricial. Há edema local, coloração avermelhada, dor local, os vasos dilatam-se, dessa forma, os elementos do sistema imunológico chegam a lesão realizando a ação contra os agentes biológicos, eliminam os debris da lesão e produzem os fatores de crescimento.

– Fase proliferativa

Momento em que se começa a formar o tecido de granulação. É como se fosse marco inicial da formação da cicatriz. Nesta fase há o preenchimento da lesão por tecido conjuntivo e pôr fim a migração epitelial sobre o leito finalizando a cicatrização.

– Fase de reparo

Fase final do processo cicatricial que surge cerca de 21 dias após a lesão, podendo perdurar até um ano. É quando o tecido de granulação finaliza sua formação para dar início à maturação da ferida. Importante salientar que em lesões grandes e/ou profundas o novo tecido que preencheu a lesão não será 100 % idêntico ao que era, chegando a força tênsil de até 80 %.

A velocidade de cicatrização depende do tamanho da ferida, da maior ou menor retração da cicatriz, da quantidade de citocinas e fatores de crescimento liberados.
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Tratamento de feridas crônicas em idosos

Os cuidados com feridas são fundamentais para prevenção de infecções que prejudicam o processo de cicatrização. Esses cuidados se intensificam quando falamos de feridas crônicas em idosos.

Isso porque a pele do idoso é mais frágil e, por isso, os ferimentos nesses pacientes precisam de cuidados especiais.

O tratamento de feridas exige medidas que garantam a segurança do paciente, seja em casa ou em um ambiente hospitalar. Além higienizar bem as mãos, utilizar materiais descartáveis e esterilizados, é preciso cuidar para que o curativo auxilie na proteção e cicatrização dos ferimentos.

Ferimentos por queda

A dificuldade de locomoção dos idosos e a baixa resistência muscular podem resultar em ferimentos causados por quedas. Mesmo os arranhões leves devem ser tratados. A primeira medida é a higienização do local afetado. 

Ferimentos causados por roupas e acessórios

Fraldas geriátricas, roupas muito justas ao corpo, roupa de cama dobrada sob o corpo e alguns  tipos de tecidos que dificultam a transpiração da pele, podem causar atrito e ferimentos no idoso. 

Feridas pós-operatórias

Independentemente da idade, depois de passar por um procedimento cirúrgico, o paciente precisa seguir alguns cuidados, como a troca periódica e higienização correta de acordo com a indicação médica. É bom estar sempre em contato com o médico ou enfermeiro estomaterapeuta para que a cicatrização ocorra da melhor forma.

Lesão por pressão

As Lesões por pressão surgem em idosos acamados ou que permanecem por muito tempo na mesma posição, como em cadeiras de rodas, por exemplo. O primeiro grau desses ferimentos é uma mancha avermelhada, podendo evoluir para lesões profundas que expõem músculos e ossos, se não forem tratados adequadamente.

Eu tenho um vídeo que fala especificamente sobre lesão por pressão. Clique aqui e assista.

O tratamento de feridas é um processo extremamente complexo, que exige atenção e cuidado. Por isso, ao perceber uma ferida que está difícil de cicatrizar, procure um estomaterapeuta e busque a melhor forma de tratar a lesão.