Chamamos de ferida crônica aquela lesão que demora um tempo maior na fase inflamatória. Essa situação adia a fase proliferativa, o que exige mais tempo para a cicatrização. Entre as feridas crônicas mais comuns estão as lesões por pressão, o pé diabético e as úlceras arteriais, venosas ou mistas. 

No entanto, existem fatores que podem evitar agravamento dessas feridas e é exatamente sobre esse assunto que falaremos neste artigo.

Cuidados com feridas crônicas

Independente da gravidade, as feridas agudas seguem um ritmo normal de recuperação, cicatrizando em um prazo satisfatório. Já as feridas crônicas não seguem o que seria o tempo satisfatório de recuperação, necessitando de um tratamento mais longo. 

Além disso, elas costumam afetar de forma negativa no dia a dia dos doentes, principalmente porque impactam na imagem corporal. Como há uma grande dificuldade na cicatrização, essas feridas ficam mais suscetíveis às infecções e se tornam um desafio não só para os familiares do paciente, como também para os profissionais de saúde que fazem o tratamento. 

Os cuidados com feridas crônicas são fundamentais para prevenção dessas infecções que prejudicam ainda mais o processo de cicatrização. Nesse aspecto, a abordagem multidisciplinar é uma das ferramentas mais importantes.

Nesse tipo de atendimento, o paciente recebe um cuidado sistematizado, que facilita no diagnóstico precoce e na eficiência das intervenções. 

Reunir informações sobre doenças, hábitos, consultas, exames e tratamentos, é uma das bases para a prestação de cuidados efetivos. Por isso é importante analisar o histórico do paciente, tanto clínico quanto familiar, que funciona como um guia para sinalizar fatores de risco e dar suporte na prevenção de patologias e agravos.

A equipe de enfermagem precisa ser capaz de conversar com o paciente a fim de antecipar os cenários. Isso implica em ser minucioso e ir além do que está vendo, ou seja, enxergar além da doença em si.

Tratamento de feridas crônicas

O principal fator de agravamento das feridas crônicas é o tratamento inadequado da origem do problema. Antes de tratar as lesões crônicas, é preciso eliminar ou controlar a patologia de base e todos os fatores que contribuem para a má cicatrização.

Diversos fatores, internos e externos, podem influenciar na cicatrização de uma ferida crônica, como o tipo de lesão, a idade do paciente, seus vícios, doenças pré-existentes, entre outras situações que prejudicam a cicatrização saudável.

Entre as ações importantes, a equipe deve influenciar o paciente a melhorar seu estado geral, adotando hábitos de vida mais saudáveis.

Como prevenir o agravamento de lesões

Um dos principais cuidados no que diz respeito às feridas crônicas é fazer um acompanhamento das diversas etapas do tratamento. O profissional de saúde deve planejar o tratamento adequado, através de métodos terapêuticos que podem ser aplicados juntamente com uma equipe multidisciplinar. 

No entanto, algumas medidas preventivas podem ser tomadas pelo próprio paciente ou seus familiares.

– Lesão por Pressão (LPP)

Também conhecidas como escaras, Lesões por Pressão são feridas que aparecem na pele de pessoas que ficam muito tempo na mesma posição, geralmente acamadas ou com mobilidade reduzida. 

Elas aparecem por conta da pressão constante em pontos com proeminências ósseas que ficam em contato com a superfície. No entanto, é possível evitar as lesões por pressão seguindo algumas orientações simples. Confira:

– Tenha como hábito observar constantemente o corpo da pessoa acamada, principalmente as regiões mais suscetíveis às lesões;

– Mude a posição do paciente a cada 3 horas;

– Faça a hidratação da pele do paciente com frequência.

– Úlceras arteriais, venosas ou mistas

As úlceras venosas são causadas pela insuficiência venosa crônica, ou seja, o fluxo normal de sangue é deficiente e se acumula nas veias dos membros inferiores, causando um aumento na pressão intravenosa.

Já as feridas crônicas de origem arterial são causadas quando fluxo sanguíneo para os membros inferiores é diminuído, o que gera isquemias ou necrose dos tecidos. As úlceras mistas são uma fusão dos dois fatores.

As úlceras venosas são as mais frequentes. Alguns sintomas são dor, feridas exsudativas, odor fétido, diminuição da mobilidade e desconforto devido aos curativos. 

Para evitar esse tipo de agravo, é preciso mudar alguns hábitos:

– Evitar ou eliminar o tabagismo;

– Praticar exercícios físicos diariamente (principalmente a caminhada);

– Cuidar da alimentação e hidratação;

– Evitar ficar muito tempo de pé ou sentado. O ideal é se movimentar a cada uma hora;

– Fazer elevação das pernas com frequência;

– Combater a obesidade;

– Controlar doenças de base que possam contribuir para o aparecimento deste tipo de úlcera, como as varizes, por exemplo.

Pessoas com úlceras venosas crônicas devem receber atendimento humanizado, com escuta sensível, e apoio emocional e psicológico durante todo o tratamento. 

A enfermagem representa um papel importante nesses atendimentos. As condutas envolvem não só a avaliação do diagnóstico e o processo cicatricial, mas também a prevenção de agravos por meio da aplicação de novas intervenções técnicas. 

– Pé diabético

O pé diabético é a expressão usada para denominar uma série de alterações que podem ocorrer nos pés de pessoas com diabetes não controlado. Elas provocam o surgimento de feridas que não cicatrizam e infecções nos pés, podendo levar à amputação, caso não seja tratado a tempo.

No entanto, com pequenos cuidados de higiene diários, é possível prevenir essas ulcerações. 

Lavar os pés diariamente com água morna e sabonete neutro, secando-os bem com uma toalha macia antes de vestir meias ou sapatos. Não esqueça de secar entre os dedos;

Mantenha os pés sempre hidratados;

Monitore a glicemia, pois os altos níveis fazem o sangue ter mais dificuldade de chegar às extremidades do corpo;

Mantenha um peso equilibrado e evite a obesidade;

Tenha uma rotina diária de exercícios para as pernas como elevações, fortalecimento da panturrilha e caminhadas.

Formigamento, perda da sensibilidade local, dores, queimação, dormência e fraqueza nas pernas são sintomas do pé diabético. Caso aconteça com você, busque imediatamente o auxílio de um profissional de saúde.

Juntando medidas preventivas de higiene diária e iniciando um tratamento precoce, é possível combater as feridas crônicas e seus efeitos no dia a dia dos pacientes.

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