A ostomia (ou estomia) pode assustar o paciente inicialmente, por ser um procedimento pouco falado e que ainda é cercado de muito preconceito.

Mas existem cuidados a serem tomados por todos para que esse processo seja mais seguro, gentil e inclusivo.

Leia até o final e entenda um pouco mais sobre a atenção às pessoas ostomizadas.

Pessoas ostomizadas: cuidados básicos

Começando pelos cuidados que o próprio paciente ou seu cuidador devem ter, é importante estar sempre atento à cor (deve ser vermelho vivo), o brilho, a umidade, a presença de muco, o tamanho e a forma do estoma.

A limpeza da pele ao redor do estoma deve ser feita com água e sabonete neutro, sem esfregar com força nem usar esponjas ásperas. É importante também aparar os pelos da região e tomar de 15 a 20 minutos de sol da manhã na região da pele periestoma – o estoma deve ser protegido sempre com gaze umedecida.

É contraindicado utilizar substâncias agressivas à pele, como álcool, benzina, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, clorexidina, pomadas e cremes.

Alimentação das pessoas ostomizadas

Quanto à alimentação do paciente, os alimentos devem ser introduzidos aos poucos, observando o efeito de cada um. Outras dicas importantes são: mastigar bem os alimentos, evitar alimentos que causem gases e diarreia, beber muito líquido (8 a 10 copos tipo americanos por dia) e fracionar a alimentação com intervalos de, no máximo, três horas. 

Não existe uma dieta especial, porém, poderão ser feitas algumas considerações para cada caso. Uma alimentação saudável, variada e agradável para seu paladar é o indicado. Porém, é preciso ficar atento com alimentos que podem obstruir o estoma, como cascas de maçã, repolho cru, aipo, milho, frutas secas, cogumelos, laranjas e mexericas, nozes, sementes (abóbora, girassol, jabuticaba etc.) e pipoca.

Outros alimentos podem aumentar os gases, o odor e serem até irritantes para o intestino. Observe diariamente o que ingeriu e como seu corpo reagiu àquele alimento para entender melhor o que pode ser benéfico ou prejudicial para você.

Ostomias: complicações possíveis

Abscesso: pode surgir no estoma ou no orifício de exteriorização da alça intestinal.

Dermatite: pode decorrer do contato com efluente ou produtos utilizados na pele periestomal. As causas mais comuns de dermatite por trauma mecânico incluem técnicas de limpeza ou retirada traumática do dispositivo, fricção ou pressão contínua de dispositivos mal adaptados, ou troca frequente da bolsa coletora.

Edema: ocorre pela mobilização da alça intestinal, por trauma local e, principalmente, pela passagem através de um trajeto estreito da parte abdominal para exteriorização da alça.

Estenose: surge geralmente no terceiro mês do pós-operatório, quando ocorre estreitamento da luz do estoma, sendo observada tanto em nível cutâneo como da fáscia. Na fase inicial, observam-se fezes afiladas, ocorrendo dificuldade crescente para eliminar o conteúdo intestinal, podendo levar a um quadro de 

suboclusão. A correção pode exigir tratamento cirúrgico.

Foliculite: causada pela remoção traumática dos pelos da região periestomal ou remoção inadequada da bolsa, provocando lesão/inflamação na epiderme ao redor do folículo piloso. É importante aparar os pelos com tesoura e não com o barbeador.

Varizes periestomais: ocorrem com a dilatação das veias cutâneas ao redor do estoma de cor roxo-azulado em pessoas ostomizadas, portadores de cirrose e hipertensão portal.

Hemorragia: pode ocorrer nas primeiras horas após a confecção do estoma. Um pequeno sangramento inicial pode ser normal, mas se for contínuo e abundante é preciso buscar atendimento hospitalar imediatamente.

Hérnia periestomal: surge quando existe um espaço entre o segmento intestinal que forma o estoma e o tecido circundante, configurando um defeito fascial. O resultado é uma saliência total ou parcial na base do estoma. Por isso, é importante não pegar peso ou se abaixar no pós-operatório.

Necrose: pode ocorrer por isquemia arterial (insuficiência na chegada de sangue) ou por isquemia venosa (drenagem venosa do segmento exteriorizado), sendo mais frequente em obesos e quando há distensão abdominal.

Prolapso: exteriorização inesperada total ou parcial do segmento da alça intestinal pelo estoma. Essa complicação não é letal, mas causa problemas de pele e grande dificuldade no cuidado ao estoma, requerendo atenção médica.

Retração: ocorre devido à má fixação ou insuficiente exteriorização da alça intestinal, levando ao deslocamento do estoma para a cavidade abdominal.

Atenção às pessoas ostomizadas: rotina, inclusão e direitos

Ser ostomizado não significa deixar de ser você mesmo. É possível viajar, nadar, frequentar eventos e até ter uma vida sexual ativa utilizando uma bolsa de ostomia. É tudo uma questão de adaptação. Com o tempo vai ficando mais fácil a troca e o esvaziamento do coletor e a rotina pode ir voltando aos eixos. 

Quanto a nós que convivemos com um ostomizado o mais importante é estar ciente de seus direitos, ter o mínimo de informação sobre as suas necessidades específicas e tratá-lo com carinho e respeito. Você pode encontrar mais informações na minha Cartilha do Estomizado: Primeiros passos.

O mais importante é ressignificar essa experiência como um procedimento necessário e que vai contribuir para a saúde e bem-estar do indivíduo. 

Como diz aquela expressão, lugar de ostomizado é onde ele quiser.

Saiba mais sobre estomias

No meu Instagram, @jonathanpaiva.estomaterapeuta eu dou outras dicas sobre estomias e abro espaço para tirar dúvidas e conversar sobre problemas e soluções relacionados à Estomaterapia.